quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Como educar seus filhos nos dias de hoje

Supernanny: “Dá para educar os filhos, apesar de influências externas”

Em entrevista, a educadora e apresentadora Cris Poli fala sobre a importância que o exemplo transmitido através de atitudes tem na vida das crianças


Divulgação

"Escola, babá, empregada e outros cuidadores são parceiros, mas não é deles a responsabilidade de educar a criança", afirma Cris

“A criança nasce sem saber nada. Ela vai aprender tudo com os pais, copiando, imitando", afirma Cris Poli, educadora e apresentadora do programa “Supernanny” (SBT). Quem é pai e tem a função de educar um filho sabe bem do que Cris está falando. Basta um pequeno deslize para que o pequeno repita incessantemente aquele palavrão que o adulto deixou escapar em um momento de frustração. É justamente sobre a importância do exemplo que os pais dão através de atitudes que trata o novo livro da apresentadora “Pais admiráveis educam pelo exemplo” (Ed. Mundo Cristão), lançado em julho.
A educadora ressalta que se esse ensinamento de valores e princípios for consistente e praticado pela família no dia a dia, nem mesmo influências externas podem prejudicá-lo. “Nem todo mundo age da mesma forma e a probabilidade de que a influência dos amigos, por exemplo, faça parte do dia a dia de uma criança é muito grande. Acredito que se a educação dentro de casa é firme, com valores e princípios sólidos praticados por toda a família, os pais conseguem se posicionar e explicar para o filho que é assim que sua família age. Dá para educar uma criança, apesar da influência externa. A família é mais forte”, afirma. Confira entrevista concedida ao Delas.

iG: Quais os erros mais comuns que os pais cometem, mesmo sem perceber, na educação dos filhos? 
Cris Poli: Acho que os mais comuns são falta de limite, falta de exercício da autoridade dos pais e falta de rotina, de organizar o dia a dia da criança e da família estabelecendo horários para as diferentes atividades diárias, como tomar banho, fazer as refeições ou a lição de casa. Esse último item é fundamental e acho que o grande problema é que os pais não têm consciência da real importância que a rotina tem na vida da criança e da família como um todo. Hoje, existe um agravante, já que a maioria dos casais trabalha e fica fora o dia todo. Quando o pai ou a mãe está em casa, acaba se sentindo culpado e se torna muito permissivo. Acredito que os pais percebem isso de alguma maneira, mas acham que não é tão grave, tão sério e que dá para levar dessa forma. Mas, com o passar do tempo, eles entendem que não é possível dar uma boa educação sem limites e sem rotina.

Não adianta falar para a criança não mentir e mandar dizer que não está apenas para não atender um telefonema chato.


iG: Você acha que a educação das crianças está sendo terceirizada ou é uma impressão e sempre foi assim? Cris Poli: Acho que a educação está sendo terceirizada mesmo. Os pais transferem a responsabilidade para as escolas, babás, empregadas, creches. Não acho que colocar o filho período integral na escola ou deixá-lo com algum cuidador seja o problema. O problema é não assumir a responsabilidade pela educação do seu filho e deixar que esses terceiros eduquem as crianças sem a intervenção significativa por parte dos pais. Escola, babá, empregada e outros cuidadores são parceiros, mas não é deles a responsabilidade de educar a criança. 

iG: Justamente por esses cuidadores estarem tão presentes na vida das crianças, qual seria o papel deles na questão de dar o exemplo? 
Cris Poli: Essas pessoas se tornam muito importantes na vida das crianças e os pais devem fiscalizar a atitude dos outros cuidadores. Antes de qualquer coisa, é preciso conhecer a escola e saber se os pais estão de acordo com o que os profissionais da instituição ensinam e passam para as crianças. Se decido colocar uma babá ou empregada dentro de casa, além de pegar todos os dados para me certificar de que é uma pessoa idônea, tenho que orientar bem sobre como eu quero que meu filho seja conduzido e saber como ela age em determinadas situações. Recebo muitas queixas de mães que reclamam que o filho não obedece e gosta muito da babá justamente porque ela deixa a criança fazer o que quer. Depois, fica difícil fazer a criança aceitar limites impostos pelos pais. Essa postura do cuidador precisa ser supervisionada pelos pais.

iG: Como os pais devem agir quando ensinam algo para os filhos e o pai do coleguinha da escola, por exemplo, não age da mesma forma? 
Cris Poli: Isso é muito comum. Nem todo mundo age da mesma forma e a probabilidade de que a influência dos amigos faça parte do dia a dia de uma criança é muito grande. Acredito que se a educação dentro de casa é firme, com valores e princípios sólidos praticados por toda a família, os pais conseguem se posicionar e explicar para o filho que é assim que sua família age. Dá para educar uma criança, apesar da influência externa. A família é mais forte.

iG: Como fica a cabeça da criança quando os pais a instruem para fazer algo de uma forma e eles mesmo agem de maneira diferente no dia a dia? 
Cris Poli:  Essa inconsistência dos pais é bem complicada para as crianças. Elas não entendem o que acontece e, se os pais não fazem o que pregam, as crianças acabam duvidando do que eles ensinam.

iG: O que um pai nunca deve fazer na frente do filho?
 
iG: Supondo que o pai não faz o que ele pede que o filho faça, o discurso do “correto” ainda vai contar na educação da criança ou apenas o exemplo funciona?
 
Cris Poli: O grande segredo é a palavra junto com o exemplo. A criança é esperta, presta atenção e percebe quando isso não acontece. Essa diferença não vai ser assunto de debate com a criança pequena, mas, quando ela cresce, pode confrontar o pai. Esse tipo de comportamento abre portas para que o filho aja como bem entende. A proposta do livro é falar exatamente sobre isso. A educação acontece no dia a dia da criança e o exemplo deve ser diário também. Tudo que a criança faz tem o exemplo dos pais. Ela nasce sem saber nada, vai aprender com eles, copiando, imitando.

Cris Poli: Discutir ou agredir o cônjuge. Um dos pais discordar do outro na frente da criança também é um grande erro. Tira a autoridade do outro. Nunca se deve fazer isso porque essa situação mexe com a criança, desautoriza um pai e deixa a criança com um sentimento de instabilidade.

iG: Você pode dar três exemplos práticos de atitudes que ensinam através do exemplo? 
Cris Poli: Um exemplo pode ser o uso de pequenas mentiras. Não adianta falar para a criança não mentir e mandar dizer que não está apenas para não atender um telefonema chato. Outro exemplo é demonstrar o amor. Ao invés de comprar coisas, abrace e beije seus filhos e outras pessoas da família. Você ensina que todos podem se sentir amados de verdade. Além disso, posso citar falar palavrão. De que adianta dar bronca e proibir a criança se os pais falam palavrões no dia a dia? Precisa se policiar para que isso não aconteça. 

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